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19 de agosto de 2009

Vida 2.0

Um mês. Há um mês eu entrava no ônibus com lágrimas nos olhos e deixando para trás uma mãe triste, também com os olhos molhados. Dois amigos olhando com cara de "não acredito que ela está indo".

Foram, talvez, oito anos de espera por aquele momento. Tempos de esperança, mas com muitos dias de desesperos por pensar que o sonho nunca se tornaria realidade. Muito choro, briga, decisões que não levariam nem à porta de saída. Eu ouvi e aguentei muitas coisas. E, de alguma forma, tinha certeza de que aquele não era meu lugar, não era a condição melhor para mim. Havia o conforto e, por que não assumir, comodismo, mas faltava de liberdade. Uma liberdade dura que impõe limites e determinação. Sim, era isso o que eu queria, mesmo que tivesse de sofrer. E onde o marasmo iria me levar? Pensava nisso todo dia e sabia que precisava tomar alguma atitude para mudar tanto de vida quanto de lugar.

Numa quinta-feira, que nada tinha de qualquer, uma pergunta mudou completamente o rumo que eu tinha traçado. No fundo eu sabia que essa era a oportunidade que eu tanto esperava, mas tive medo de não ter certeza. Passei a noite pensando, idealizando, imaginado. E assim aconteceu por mais três dias.

Acordei na segunda ainda sem saber que resposta daria. Na verdade eu pensei que tinha mais tempo para decidir. Mas num impulso, causado pela ansiedade e a repetição daquela mesma pergunta, resolvi.

Não, não acreditei que eu havia aceitado a proposta. Assustei, porém senti um enorme alívio e um certo frio na barriga.

Pronto. Decisão tomada, mãe informada. Hora de pensar na arrumação da mala. E assim fiz. Acredito que por intuição, já que quatros dias depois receberia a notícia que partiria em três dias. Exatamente no dia 19 de julho de 2009. Às 16hs.

Coração foi apertando, mas o restante do corpo já sentia uma euforia enorme. Despedi-me rapidamente dos amigos. Depois da família.

Um mês. 30 dias que experimento ser dona do meu nariz. Que tomo decisões sozinhas. Dias que sempre sonhei em passar e que, enfim, se tornaram realidade.

E todo aquele medo que senti de ser sozinha, de não conhecer ninguém, de ter responsabilidade no trabalho. Muita responsabilidade, por sinal! Eu pergunto: Para onde foi o medo? Há! Foi substituido pela alegria. Alegria mesmo, de verdade. Quase dá para pegar, eu acho. Só não tento por medo dela fugir.

Minha cabeça mudou. E mudou muito. Não entendo como, mas as coisas tomaram outro sentido para mim. Nada de auto torturas, choramindos, dramas ou qualquer coisa do tipo. Simplesmente consigo abdicar de uma certa coisa para obter outra. Simples, muito mais do que parece. E o bom disso é que acontece naturalmente. E entender isso não me deixou assustada. Mas feliz.

1 | Comente:

Pkena disse...

Sempre acreditei e continuo acreditando em você!.. Pampa!..