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16 de dezembro de 2009

Tamanho é documento?

Eu sou como toda pessoa que não atingiu uma altura considerada boa. Não cheguei ao ponto de poder ser reconhecida como "aquela que tem estatura média". Não, a minha é baixa, mesmo. Sou baixinha, de 1m56cm!

E como toda boa baixinha eu sou invocada. E isso não é lenda. Nós, pequenos e delicados seres, precisamos nos impor de alguma forma, já que verticalmente não aterrorizamos ninguém. Pelo contrário, causamos risadas e facilitamos piadas.

Pois bem; lembrei, em uma conversa, que eu já apliquei prova para adolescentes de 14 e 15 anos. Quando fui chamada para exercer tal função, fiquei receosa. Será que os meninos iriam me respeitar? Muitos deles devem ser maiores que eu! Pensei até em colocar um salto anabela, que não incomoda tanto mas, passar 4 horas em pé, sem contar as 2 horas para arrumar toda a sala no início e fim de prova, não ia dar certo. No dia, coloquei meu sapatinho de plástico e fui. Claro que fui pelo dinheiro.

Depois de ouvir as instruções e pegar as provas, me dirigi até a sala para arrumá-la. Trinta minutos depois os portões se abriram. Uma multidão de adolescentes cheirando a Minancora e arrotando Fanta começa a ocupar o pátio da escola. Fiquei na porta, já que tinha que conferir nome e identidade. Foi aí que percebi que eu nasci para mandar, apesar de ter dó e não saber bem como fazer isso.

Estufei o peito (como se fosse preciso), fiz cara de poucos amigos e falei com voz forte (por que a minha parece de criança, mas não chega ser igual a da Xuxa).

Os vestibulandos iam entrando, um por um. Eu indicava o lugar, pedia para guardar os pertences e olhava se estavam fazendo certo. Mas quando os jovens chegaram até mim, de cabeça baixa, fazendo perguntas, foi que eu senti uma coisa muito boa. Sim, senti poder. Eles nem me conheciam e já me respeitavam. Eu era a autoridade daquela sala, ainda mais que estava sozinha, organizando tudo.

Vou confessar viu, foi bonito ver aquele monte de menino sentado olhando com medo para mim.  Foi bem no estilo "Irmã Selma", do Terça Insana ("... eu quero muito ter um orfanato. Por que eu acho que cuidar de criança é uma coisa que relaxa a gente...").

E eu lá, no alto dos meus 1,56, dizendo o que eles podiam ou não fazer. Só não gostei quando um deles me chamou de senhora. Achei um pouco demais, sabe. Durante a prova eu andava entre as carteiras olhando a prova deles. Na verdade eu estava fazendo aquilo para não dormir, já que tinha acordado muito cedo, coisa que eu não estou acostumada. E os pobrezinhos, morrendo de medo e apreensivos por causa da prova, nem olhavam para o lado.

Enfim, foi uma delícia ser uma pessoa imponente por um dia. Uma sensação fora do normal. No final, quando eles iam me entregando as provas, eu, já saciada, abria aquele sorriso e desejava bom dia.

Apesar disso, desse pequeno desvio de conduta, sou uma pessoa super legal. Juro.

*Updated: 20.12.09

2 | Comente:

Pkena disse...

Ha ha.. invocada!... Se esses adolescentes soubessem...

Autor disse...

Ah, o poder!
Adoro o poder!!!

E vc é uma baixinha linda!
Que eu conheço pessoalmente, hahaha