Tem coisa no Brasil que parece piada, né. E como diz José Simão, o Brasil é o país da piada pronta!
Se você juntar toda a população e perguntar o que pode ajudar o país a crescer, ouvirá um coro uníssono: EDUCAÇÃO! E, ao invés dos responsáveis melhorarem o acesso (além, claro, da qualidade) às escolas, eles inventam formas de distanciar os alunos delas e desmotivar os futuros estudantes.
Entrou no ar hoje, 29 de outubro, um sistema online, chamado Cineb, que informa se o aluno possui débito em alguma instituição particular de ensino. O site já possui 700 escolas cadastradas e as consultas só podem ser feitas mediante login e senha, somente disponibilizados para as instituições.
Concordo que as escolas particulares são, antes de tudo, empresas. Mas não podem esquecer que seu produto é o conhecimento. Tratar os alunos somente como clientes não as torna melhores em nada. Inclusive, as faculdades mais bem vistas (entendimento meu, a partir de conversas com diversos universitário de várias faculdades de Bhte) são as que escutam o aluno e são flexíveis quanto aos débitos.
O pior de tudo é que, o aluno que precisou deixar uma faculdade por não conseguir pagar uma mensalidade de R$ 700, não poderá estudar em outra, pois a instituição não tem obrigação de aceitar a matrícula (salvo no caso do aluno já estar estudando).
Então fica assim: um aluno que não pode pagar a faculdade não entrará em outra. Sem um curso superior, (provavelmente) não conseguirá um bom emprego para ganhar salário suficiente para pagar os débitos na faculdade. Sem estudo, sem pagamento.
O que mais impressiona é o texto de apresentação do site. Parece coisa do tipo: vamos exterminar os inadimplentes!
"Este serviço, de inestimável valor para o segmento, fornecendo elementos para organizar a tão sonhada "lista negra" da escola particular, possibilita, mais que isto, que se tenha acesso paralelamente às bases de dados do CHECK CHECK facilitando consultas do histórico dos clientes (responsáveis pelos alunos) e dos cheques (muitas vezes de terceiros) que são usados para quitar mensalidades, bem como, de lançar restrições comerciais e bancárias aos devedores, alcançando também os registros da SERASA, fato que contribuirá para reduzir de maneira drástica o problema da inadimplência no segmento educacional, pois, além da prevenção, a possibilidade de negativação ou inclusão nos cadastros nacionais de devedores passa a ser uma formidável arma na defesa contra os mal intencionados, pois esse tipo de registro passa a ser um entrave na vida do mau pagador, forçando-o a um acordo. "
Por que você comer o pão que o diabo amassou com sapato sujo é ser mal intencionado. Você fazer parte da maioria que não pode pagar faculdade particular e não consegue entrar em uma pública é ser mal intencionado. Querer que seu filho estude em uma escola onde o ensino seja bom, ao contrário do que acontece em muitas escolas públicas, é ser mal intencionado.
Ou seja, um dos maiores problemas do Brasil não será resolvido por, digamos, uma falta de educação.
* Assumo os grifos!
Se você juntar toda a população e perguntar o que pode ajudar o país a crescer, ouvirá um coro uníssono: EDUCAÇÃO! E, ao invés dos responsáveis melhorarem o acesso (além, claro, da qualidade) às escolas, eles inventam formas de distanciar os alunos delas e desmotivar os futuros estudantes.
Entrou no ar hoje, 29 de outubro, um sistema online, chamado Cineb, que informa se o aluno possui débito em alguma instituição particular de ensino. O site já possui 700 escolas cadastradas e as consultas só podem ser feitas mediante login e senha, somente disponibilizados para as instituições.
Concordo que as escolas particulares são, antes de tudo, empresas. Mas não podem esquecer que seu produto é o conhecimento. Tratar os alunos somente como clientes não as torna melhores em nada. Inclusive, as faculdades mais bem vistas (entendimento meu, a partir de conversas com diversos universitário de várias faculdades de Bhte) são as que escutam o aluno e são flexíveis quanto aos débitos.
O pior de tudo é que, o aluno que precisou deixar uma faculdade por não conseguir pagar uma mensalidade de R$ 700, não poderá estudar em outra, pois a instituição não tem obrigação de aceitar a matrícula (salvo no caso do aluno já estar estudando).
Então fica assim: um aluno que não pode pagar a faculdade não entrará em outra. Sem um curso superior, (provavelmente) não conseguirá um bom emprego para ganhar salário suficiente para pagar os débitos na faculdade. Sem estudo, sem pagamento.
O que mais impressiona é o texto de apresentação do site. Parece coisa do tipo: vamos exterminar os inadimplentes!
"Este serviço, de inestimável valor para o segmento, fornecendo elementos para organizar a tão sonhada "lista negra" da escola particular, possibilita, mais que isto, que se tenha acesso paralelamente às bases de dados do CHECK CHECK facilitando consultas do histórico dos clientes (responsáveis pelos alunos) e dos cheques (muitas vezes de terceiros) que são usados para quitar mensalidades, bem como, de lançar restrições comerciais e bancárias aos devedores, alcançando também os registros da SERASA, fato que contribuirá para reduzir de maneira drástica o problema da inadimplência no segmento educacional, pois, além da prevenção, a possibilidade de negativação ou inclusão nos cadastros nacionais de devedores passa a ser uma formidável arma na defesa contra os mal intencionados, pois esse tipo de registro passa a ser um entrave na vida do mau pagador, forçando-o a um acordo. "
Por que você comer o pão que o diabo amassou com sapato sujo é ser mal intencionado. Você fazer parte da maioria que não pode pagar faculdade particular e não consegue entrar em uma pública é ser mal intencionado. Querer que seu filho estude em uma escola onde o ensino seja bom, ao contrário do que acontece em muitas escolas públicas, é ser mal intencionado.
Ou seja, um dos maiores problemas do Brasil não será resolvido por, digamos, uma falta de educação.
* Assumo os grifos!
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À vontade como nunca neste sofá!... O blog está lindo e os textos.. ah os textos.. sempre marcados por essa singularidade fascinante.
Beijos.
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