É o ciclo...

Chega uma hora na vida das mulheres que é necessário rever alguns conceitos. Pense só: você (mulher) entra naquelas lojas imensas de produtos higiênicos e de beleza, que não tem nada de interessante para ver e mesmo assim, passa horas lá dentro. – Ah ! Vai me dizer que você nunca se perdeu dentro de uma dessas “megastore” do narcisismo!

Na verdade, essas lojas, paraísos da beleza, só servem para provar que, apesar de passar horas em frente ao espelho, você não se conhece. Você não é capaz de saber, por exemplo, se seu cabelo está danificado, ressecado ou quebradiço! Fica um bom tempo com cara de besta olhando as embalagens de pós-compactos, bases e corretivos simplesmente porque não sabe, ao certo, qual o seu tom de pele. Creme corporal então nem se fala! Dá vontade de levar todos para casa, colocar tudo num pote só e usar. É creme pra pele branca ressecada e oleosa, branca pouco ressecada e oleosa, branca sensível e seca, morena ressecada e mista, morena clara natural e seca... Você sabe qual seu tipo de pele? Aposto que tem partes secas outras ressecadas, algumas oleosas, outras com celulite (sim, porque, mulher que não tem celulite não é uma pessoa confiável! Muitas vezes nem é mulher!), estrias... e nessa “suruba” de proteínas, aloes veras, karités, frutas, ceramidas, dna’s, fragrâncias e outras modernidades cosméticas, lá se vão, pelo menos, duas horas do seu dia, duas da tarde e mais duas da noite (não dá pra passar tudo de uma só vez!).

Cremes para cabelo também não ficam pra trás. São pomadas (homens, pasmem! Pomada pra cabelo sim... e ele não está doente!), flaconetes, sprays, ampolas, tratamentos de choque (sem choque)... todos, dizem, fazem milagres pela sua cabeleira! Agora, experimente usar todos juntos... de duas, uma: ou seu cabelo, recém lavado, fica com aspecto de escova mal feita de uma semana ou então... cai!

Tá, perdi um pouco o foco do post...

Essas lojas devem ter algum tipo de convênio com psicólogos. É sério! Vira um ciclo vicioso. Você entra na tal loja certa de que vai comprar o estritamente necessário: seu sabonete básico, uma pasta de dente, um shampoozinho, e, de repente percebe que está há mais de duas horas lá dentro. Você sai da loja com inúmeras sacolas lotadas de produtos que, segundo o fabricante, vão fazer milagre na sua vida (você que pensa!). E o pior, descobre que não conhece aquela moça que aparece na frente do espelho todos os dias.

Resultado disso? Depressiva e com crise (fortíssima) de identidade você procura desesperadamente por um psicólogo. Está certa de que, somente ele, pode te livrar da culpa de ter se entregado ao consumismo desenfreado de produtos de beleza e ajudar a aceitar sua nova aparência (já que você descobriu que não é como pensava que fosse). Ele te cobra um valor absurdo para tirar essa paranóia da sua cabeça e para te mostrar o quanto você pode ser feliz sendo você mesma, sugere que vá a uma loja de cosméticos e compre produtos para “realçar” o que há de melhor na sua imagem...
É o ciclo....