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9 de setembro de 2008

Relato

Hoje pela manhã me lembrei de algo que aconteceu há cerca de três anos. Estava com três amigos no bar da faculdade. Não estávamos bebendo muito, como era de costume, talvez uma ou duas cervejas, só para relaxar e filosofar. Era 9 de setembro.

Após alguns minutos de silêncio e olhares vagos, um deles começou a falar da importância daquela data na sua vida. Coincidentemente, ou não, o mesmo dia significava alguma coisa para cada um de nós. Coisa importante. Perdas, alegrias, descobertas.

E atentamente ouvíamos as histórias com um ar de solidariedade. Não opinamos, não intrometemos, não questionamos. Apenas ouvimos. E como se tivéssemos combinado, quando um se calava o outro começava a contar o porquê da importância da data.

Eu, que geralmente acho que minhas histórias não são tão boas, contei a minha. E como os outros, não houve manifestações.

Mas hoje, quando lembrei disso, me dei conta da importância deste dia para mim. Foi atípico. Não era para ser, mas foi.

Nada de diferente. Preparação para o festival de rock, que eu ia todo ano, procurar lugar para esconder o pouco dinheiro que levava (não bebia ainda), correria para chegar mais perto do palco. Normal.

Mas já na entrada senti que não seria como os demais anos. Encontrei, ou melhor, fui encontrada (já que não consigo lembrar do rosto das pessoas) por um carinha que tocava na banda do meu primo. Como de costume, custei a lembrar o nome. Ele estava sozinho e eu com uma colega que foi só para beijar (odeio sair com gente que só pensa em pegação). Sem mais nem menos, minha cara foi revestida com a mais pura madeira de lei e o convidei para entrar com a gente, porém os portões eram diferentes. Falei então para nos encontrarmos na arquibancada, perto da entrada. Não tinha erro, era passar na roleta e encontrar.

Mas ele sumiu, de propósito. Procurei, procurei e procurei. Não entendia por que estava procurando um cara que mal conhecia. Confesso que fiquei um pouco decepcionada por não estar perto dele.

Tempos depois o achei. Não era difícil, 1,85m não some assim, mesmo que em um estádio lotado. E não é que ele tentou sumir de novo? Claro que não deixei e arrastei o carinha lá para frente. Pulamos, gritamos, batemos cabeça (sim, eu fazia isso). Minha colega ficou interessada nele e ele nela. Pensei comigo: sobrei!

Mas o melhor estava por vir. No intervalo para a troca de banda nos sentamos em um plástico pequeno (chão estava molhado); não havia espaço para a colega, que preferiu ficar em pé, se exibindo. Conversa vai, conversa vem, marcamos de irmos juntos para o segundo dia do festival. Quando percebemos, estávamos fazendo planos para o futuro. Rimos daquela situação.

Alguns olhares depois nos beijamos e assim ficamos por cinco anos. Hoje ele é casado e mudo-se para outro estado. Não nos falamos mais. E esse relacionamento significa muita coisa para mim. Aprendi muito, fui muito feliz, muito triste, muito certa e errada.

E hoje percebo que, o que eu quero é olhar para um cara em meio à multidão e, mesmo que de forma incosciente, ter a certeza de que ele será o "meu homem".

E pensar que, até hoje de manhã, eu achava que essas coisas não existiam...


1 | Comente:

DANIEL SILVEIRA disse...

GENTE! Eu lembrei perfeitamente desse dia no buteco... MAS, realmente, não me lembro do seu relato...

Coisa LINDA!!!! rsss

As coisas acontecem quando a gente menos espera... o lance é se deixar surpreender!!!!

Bjão!