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1 de setembro de 2008

A saga

Numa viajem de dez horas não tem jeito, neguim fica com vontade mesmo de ir ao banheiro. E com a primeira parada há quatro horas de distância e um pouquinho de cerveja, fica impossível não se render ao encantos de uma privada. Pode tentar dormir, mas vai acordar contorcido com fortes dores na bexiga. Isso se não sonhar com um banheiro e batizar a poltrona do busão.

E foi assim, bravamente, que resisti ao banheiro do ônibus em que estava. Rolei para um lado, para outro e, como um chamado, acordei assustada, levantei e me dirigi ao fundo do veículo. Claro que não foi tão fácil assim, havia uma pessoa na cadeira ao lado (eu estava na janela. Yes!). Mas como a pessoa em questão era meu amigo Daniel, não pensei duas vezes e fui o empurrando, assim como o xixi fazia dentro de mim, para chegar ao corredor. Um detalhe: estava escuro.

Por sorte o ônibus não estava balançando muito e pude chegar no banheirinho sem cair no colo de alguém, ou no chão mesmo. Encontrei a maçaneta da porta e puxei. Não abria. Puxei de novo e pensei que a porta ia cair em cima de mim, tamanha a pressão que estava. Entrei feliz da vida, louca para me aliviar e voltar à minha poltrona para continuar meu sono sagrado.

E foi aí que começou a batalha. O motorista certamente sabia que uma despreparada e desesperada estava entrando no banheiro e começou a chaqualhar o balaio. E não foi pouco. Tantava me segurar ao mesmo tempo em que procurava me familiarizar com o local e achar a luz, para só então verter um bocado de água.

O povo do lado de fora deve ter pensado que alguém estava tentando se matar lá dentro. Bati em todas as paredes e quase cai. Feliz do arquiteto que colocou barras ao redor. Mas mesmo assim, me socava involuntariamente contra as paredes.

O cubículo sanitário estava um pouco iluminado e percebi que havia "passagens secretas" na parede. Surpresa, uma era do papel higiênico e outra do lixo. Naquele momento esqueci do xixi e pensei: Como isso seria útil em casa! Discreto, bonito e arrojado.

Dois segundo depois de ficar vislumbrada com toda aquela modernidade, lembrei para que entrei lá. Olhei a privada, a tampa estava levantada. Abaixei com o intuito de colocar um papelzinho básico (claro, com todo aquele movimento, verter de cócoras não ia ser muito bom) e quando soltei, ela voltou. Nem se eu fosse um polvo conseguiria me segurar, pegar o papel para colocar na privada e abaixar a tampa, abaixar a calça e a 'roupa íntima'.

Bom, depois de um tempinho lutando contra os movimentos (banheiro de ônibus deveria ter seu próprio centro de gravidade) consegui fazer meu xixi. Sentada, aproveitei para descansar e vi um botão na porta. Curiosa que sou, apertei, mesmo sabendo que poderia ficar presa o resto da viagem. E não é que luz acendeu! Pena que já tinha terminado meus afazeres.

Lavei a mão e voltei toda alegrinha para a poltrona. Sentei. E como sou idiota, contei para o Daniel o que passei lá dentro. Ok, motivo de chacota, eu mereço. Quem mandou contar.

Ah! Mas quando ele voltou do banheiro, quem riu fui eu. O pobrezinho passou direto... tive que acender a luz para ele me ver e saber onde estava sentado. Castigo, meu bem, castigo.


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