Só se for a dois

Livros novos, músicas recém descobertas, trabalho dos sonhos, amigos fiéis, compras, divertimento... Para muitas pessoas, ter esses elementos na vida representa motivo de sobra para não reclamar. E não podemos mesmo.

O problema é quando falta o essencial da vida. O que nos faz olhar para um céu nublado e enxergar o sol, fechar os olhos e ver estrelas. Andar no meio da multidão como se estivesse em um campo florido. Ver um filme de romance e chorar de alegria por saber que desfruta de todas aquelas manifestações de carinho. É, numa terça-feira, no meio do trabalho, ter uma vontade incontrolável de ligar e dizer: - Estou com saudade!

Sem amor as coisas ficam amargas, sem graça, sem nexo, sem luz, sem direção. Tornam-se, simplesmente, coisa. Fica um vazio no peito.

Dizem que amor não se procura, ele te acha. Mas como ficar esperando quando se tem pressa. Quando tudo que se tem já não basta, não completa?

Achar, ou deixar ser achado, por alguém especial. Alguém que faça rir, que leve para passear, nem que seja em sonhos. Alguém que abrace e beije em qualquer momento para que esse momento deixe de ser qualquer.

Pode ser você. Pode ser o próximo a ler. Pode ser que eu conheça, mas pode ser que não. Olhando rostos não identifico. E como saber se é você que vai me tornar a pessoa mais feliz do mundo? O amor te acha. Mas deve-se ficar parado esperando? E se ele não vier? E se ele não mais existir? Continuar esperando? O amor te acha.

Como cantou Cazuza, “as possibilidades de felicidade são egoístas, meu amor. Viver a liberdade, amar de verdade, só se for a dois, só a dois”.

Tudo bem, ficarei esperando.